O governador Wilson Lima apresentou, nesta segunda-feira (3), o balanço dos transplantes realizados no Amazonas pelo Hospital Delphina Aziz, unidade referência da rede estadual para procedimentos de alta complexidade. A ação marcou o início de uma nova fase na saúde pública do Estado, com a retomada dos transplantes de fígado após dez anos e o reconhecimento do hospital como o maior centro público de transplantes do Norte do Brasil.
Durante o evento, o governador destacou o primeiro transplante de fígado realizado na unidade, ocorrido no sábado (1º/11). O procedimento, realizado junto com dois transplantes de rins em um único dia, representa um avanço histórico na saúde pública amazonense.
“Para implantar um serviço como esse é preciso toda uma preparação — de estrutura, de equipamentos, de equipes especializadas e de expertise. É um procedimento de altíssima complexidade. Hoje o Delphina atinge um patamar nunca antes visto no estado”, afirmou Wilson Lima.
O transplante foi possível após a habilitação concedida pelo Ministério da Saúde, em 9 de outubro deste ano, que autorizou o Delphina Aziz a realizar o procedimento. A unidade tornou-se o primeiro hospital público do Amazonas a atingir esse nível técnico após uma década. Desde 2023, o hospital já realizava transplantes renais e implantes cocleares.
Participaram da cerimônia a secretária de Saúde, Nayara Maksoud, o deputado estadual George Lins, a diretora-presidente do Hemoam, Socorro Sampaio, e profissionais do hospital.
Foram três transplantes realizados em 17 horas de operação, com mais de 50 profissionais envolvidos. Os órgãos vieram de uma única doadora, uma mulher de 45 anos, vítima de AVC, cuja família autorizou a doação e ajudou a salvar três vidas.
O coordenador estadual de transplantes, médico Marcos Lins, informou que a cirurgia de fígado foi concluída em tempo recorde:
“Conseguimos fazer todo o processo, da captação ao implante, em apenas quatro horas, quando o tempo médio é de oito”, destacou o médico, informando que a paciente se recupera bem na UTI.
Transplante de fígado no Amazonas
O procedimento é o primeiro do tipo realizado na rede pública em dez anos. Entre 2014 e 2015, sete transplantes haviam sido feitos no Hospital Adriano Jorge, que perdeu a habilitação por falta de investimento. A retomada foi possível graças à modernização da infraestrutura hospitalar e à capacitação das equipes do Delphina Aziz.
A paciente beneficiada é natural de Ipixuna (a 1.367 km de Manaus) e foi diagnosticada com cirrose hepática. A cirurgia representou uma nova chance de vida após acompanhamento médico contínuo.
A retomada também fortalece a Coordenação Estadual de Transplantes, que atua em parceria com o Lacen-AM/FVS-RCP, o Hemoam e a Organização de Procura de Órgãos (OPO) para agilizar exames de compatibilidade e suporte transfusional.
Balanço dos transplantes
Desde junho de 2023, o Hospital Delphina Aziz já realizou 239 transplantes renais, sendo 113 com doador vivo e 126 com doador falecido. O número representa 58% de todos os transplantes realizados em 16 anos pela rede privada.
O estado também soma 2.759 transplantes de córnea desde 2003 e 84 implantes cocleares desde 2023.
A presidente do Instituto de Apoio e Assistência em Transplante do Amazonas (IAATAM), Tábata Nepomuceno, que é transplantada renal desde 2015, ressaltou a importância do avanço:
“O transplante não salva apenas um paciente, salva uma família inteira. Antes, muitos precisavam sair do estado e nem sempre voltavam. Agora, ter esse serviço perto da família não tem preço”, afirmou.
Atualmente, 142 pacientes aguardam transplante de rim, 144 esperam por córnea e quatro por fígado. A Secretaria de Saúde reforça a importância de manifestar o desejo de ser doador, lembrando que a autorização familiar é essencial para salvar vidas.
